[Poema sem título]
(Anônimo)
Iluminado por Regulus, pondero
Sobre como as luzes presas na terra
— vis imitações —
Tanto ofuscam a beleza das que pairam no firmamento;
Penso em quanto do intrínseco não foi esquecido
Diante de criações nossas
Que penam para alcançar o valor do essencial;
O sutil passa despercebido com sua beleza descomunal;
Apegamo-nos ao brilho artificial que produzimos
E nesse delírio feänoriano não nos damos a chance de contemplar
Pequenos espetáculos diários que cativariam o observador atento
Mas que, na prática,
Se notamos, é inconscientemente;
Quando encontra-se o tempo para contemplar
A inseparável natureza de Castor e Pólux
O brilho áureo de Betelgeuse
Ou mesmo o alvo de Sirius
Surge com estranheza o fato de que tal imensidão
Não seja foco das atenções com maior frequência;
É ao comtemplá-las e, mais ainda,
Ouvi-las,
Que percebe-se quão servil é viver
Vendado voluntariamente;
Deixas que a beleza de pequenos detalhes se percam
Em prol de uma ficção que nem te satisfaz.