Bravo!
(Matheus Martins)
Bravo!
Reverências peço ao grande espetáculo
Que com tão alta frequência exibido
Mantém a qualidade em todas as sessões
E tem seu intuito devidamente cumprido
Bravo!
Aos regentes que para si governam,
Aos curandeiros que antes ouro esperam,
Aos tão fortemente cerceados por uma vil inquisição moral
Que os impede de dizer toda e qualquer asneira que venham a pensar
Bravo!
Louvados sejam os mestres desviados
Que no conhecimento escondem uma semente de opinião
E reverberam pela hierarquia do ensino
Uma mentalidade não questionada de opressão
Bravo!
Ao bobo que vê coroa em seu chapéu de guizos
Que crê servir a si e não vê as amarras
Que fortemente o prendem a um poder maior;
Vê natureza onde há convenção
Bravo, por fim, à grande peça
Que em teu poder de suspensão de descrença
Faz ser a muitos despercebido
Que faltam cortinas ao lado do palco
E que a tragédia transcende a ficção