REFLEXÕES DO CURSINHO
(Anônimo)
Ultimamente tem sido a rotina
Lembrar que o míope forma a imagem
Antes da retina
Lembrar que base e ácido reagem
E que base orgânica é amina
Nessa noite de insônia eu escrevo
Confessando para a Lua
Que tentei decorar todo tipo de relevo
Mas a verdade é nua e crua:
A vida é mesmo dinâmica
Mas não é um sistema conservativo
Aonde não se altera a energia mecânica
Resta-nos conviver com o paliativo
De que talvez viemos de uma sopa orgânica
E passamos pelo processo de seleção cumulativo
Sócrates, Platão, Aristóteles
Tentaram em vão definir a verdade
Pitágoras, triângulo retângulo isósceles
Mas talvez ela seja simplesmente a honestidade
E nao a ganância dos bunda-moles
Que sempre a corromperam com a vaidade
Rotina fácil é de um liberal
Acredita piamente na meritocracia
E no poder de seu grande capital
Grita, com toda sua cortesia:
“Oportunidade para todos é igual”
Causando histeria
No pobre marginal
Que no vocabulário da burguesia
É simplesmente um vagal
Rotina é esperar sempre o fim de semana
Ver a pessoa esperada
Perversa a raça humana
Quer amar e ser amada
Se a acha a criatura mais inteligente já criada
Mas como está a vida do cortador de cana?
Enquanto isso voce reclama
De estudar o dia todo
Tendo ao lado pessoas que você ama
Nunca teve que pegar um rodo
Ou arrumar a cama
Com a mente atolada no lodo
A madrugada chama
Voce é ridiculo como um todo
Se é mesmo um comunista
Vá logo para a faculdade
Faça sua lista
Ajude uma comunidade
Nunca perca o lado humano
Nao queira dinheiro
Trate o burgues e o mano
Como seres do mesmo chiqueiro
No qual voce está incluso
E nesse grande mundo
Cheio de vida e moribundo
Torço que o homem seja só um intruso.