Arquivo da categoria: Poema

[POEMA] – Água

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Água

(por Lionecel)

Eu olho para o alto
Ouço minha música preferida
Sinto arrepios

Eu olho para o alto

Ouço minha música preferida

Sinto vontade de chorar

Eu olho para o alto

Ouço minha música preferida

Sinto meus olhos ressecados

Eu olho para o alto

Ouço minha música preferida

Sinto meu sistema límbico inundar minhas glândulas lacrimais

Eu olho para o alto

Ouço minha música preferida

Me sinto inundar. Me sinto fluir. Sinto o fluir de meu líquido salgado escorrer pelo canto de meus olhos. Sinto minha lágrima escorrer

Eu olho para o alto

Ouço minha música preferida

Tento secar minha lágrima
Ela já está seca
Ela já está pulverizada
Meus olhos secos. Cheios de lágrima seca. Se enchem de sentimentos secos. Eu choro seco

Eu olho para o alto

Ouço minha música preferida

E saúdo o passado da minha lágrima molhada. Saúdo o dia em que eu sentia escorrer minhas lágrimas. Saúdo o dia em que as minhas lágrimas eram reais. Saúdo a vida

Eu olho para o alto

Sinto a sua brisa, Manoela
E sua brisa evapora. Minhas. Lágrimas

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[POEMA] – Poema sem título

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Poema sem título

(Anônimo)

No começo, tiraram a educação
Eu não era estudante
E não me importei

Depois, fecharam os hospitais
Como eu não era doente,
Eu não me incomodei

Então, roubaram os empregos
Não o meu
Por isso não disse nada

Até que quiseram vender a velhice,
E pensei que talvez eu envelhecesse
E gritei

Agora quando tentam atacar direitos
Mesmo os que não são meus
Me junto à luta

Porque percebi
Que deixar levarem os outros
É pedir para ser o próximo

[POEMA] – Inadequação Custa

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Inadequação Custa

(por Anoninus Anônimo)

Sou metamorfose porque já fui casulo.
Sou metamorfose porque jamais serei borboleta.
Sou potência e impotência
mutuamente interconversíveis.
Sou, acima de tudo, sofrimento
porque não Sou,
porque permanentemente estou sendo:
Metamorfose ambulante, sem sossego, sem identidade, sem pertencimento;
Cego congênito, heroico e trágico;
Telescópio armado, enviesado e parvo;
Animal-homem, que quis daquilo que não lhe dizia respeito.
Quis o que era dos deuses.
Foi devidamente castigado.

[POEMA] – Entre os Desencontros

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Entre os desencontros


(por Anônimo)

Ah, se os feixes de luz falassem!
Se reclamassem de suas interrupções
De seus passos tortos
Paralelos a esse sorriso
Escondendo desígnios tão terrenos quanto olímpios

Se esse coração ouvisse
A bagunça que faz
O peso que traz
Em noites de chuva

Se esses suspiros em uníssono
Transcendessem a matéria que os compõem
Se esses olhares curtos não fossem
Uma ficção confortável

Desilusão contínua:
É isso que sobra
Entre os desencontros
Desse lunático conto

[POEMA] – Constelações

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Constelações

 (por G.M.G.)

Estrelas na janela
Iluminam-me a vastidão enegrecida
Do Universo que me rodeia

Inclino-me sobre o parapeito
E elas como que me dizem
“Eis aqui um segredo:
Confia-te na tua existência
Que ela não te falharás”

Essa existência que se reside no inexistir
Ser é vital
Não-ser, necessidade

E entre sinfonias não tocadas
Livros não lidos
Beijos não dados
Persistimos
Entre duas notas, existimos

Estrelas na janela
Iluminam-me a vastidão enegrecida
De um Universo que já foi meu

 

[POEMA] – Como Conseguem?

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Como conseguem?

(por Tars)

Atualmente tenho me sentido deslocado,
Como se eu não fizesse parte desse planeta,
Como se eu não fizesse parte dessa espécie.
Juro que já tentei seguir o “Se não pode vencê-los, junte-se a eles”
Mas algo dentro de mim me impede de compartilhar dos mesmos sentimento de vocês
Dessa alegria
Dessa felicidade
Dessa euforia
Dessa certeza
Dessa paz
Desse sentimento de vitória
Que vocês esbanjam a cada nova notícia na internet e televisão
Por isso eu lhes pergunto:
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